O projecto, que envolve a Secretaria de Estado da Cultura e a Conferência Episcopal Portuguesa, é de âmbito nacional, mas esteve parado vários anos. Programa de concertos começa no Natal.
Rota das Catedrais terá uma sinalética própria nos sete monumentos, incluindo a Sé de Braga PAULO RICCA (ARQUIVO)
Pode ser uma daquelas
ocasiões em que o todo se torna maior do que a soma das partes: sete catedrais
do Norte vão passar a pertencer a uma rota de turismo cultural, que começa a
tornar-se visível no Natal.
A
ideia de fundo é aumentar a visibilidade destes monumentos junto dos
visitantes, numa iniciativa que prevê a implementação de uma estratégia de
comunicação comum aos diferentes espaços, bem como a realização de obras de
recuperação dos edifícios.
A Rota
das Catedrais terá uma sinalética própria, que vai estar presente nos sete
monumentos religiosos integrados nesta iniciativa: as Sés de Braga, Porto,
Lamego, Viana do Castelo, Miranda do Douro, Vila Real e Bragança.
Ao
mesmo tempo, o projecto vai permitir criar novas áreas de recepção aos
visitantes em cada um dos edifícios, bem como espaços (quatro centros
interpretativos e três centros de informação) que permitam ter acesso a mais
informação sobre cada uma das estruturas e sobre a rota como um todo.
As
catedrais são um património que “não tem sido considerado como um todo
coerente”, admite o director-regional de Cultura do Norte, António Ponte. Esta
Rota quer dar uma nova leitura a esse legado, através da sua comunicação
conjunta. A iniciativa associa também um programa cultural que fará das
catedrais um palco, como forma de aumentar a visibilidade pública e a
capacidade de atracção de turistas para estes espaços.
Estas
acções começam na próxima quadra natalícia, com um ciclo de concertos de Natal
mas sete Sés. A Rota das Catedrais do Norte prevê ainda o acolhimento de
exposições e instalações itinerantes e ciclos de teatro, por exemplo.
Além
da componente de comunicação, há também um lado de preservação do património
associado a esta Rota, com um conjunto de obras que consomem boa parte dos 4,5
milhões de euros destinados a este projecto – co-financiados por fundos
europeus e também pela DRCN, Cabidos das Sés e fábricas das igrejas.
Na
semana passada foi iniciada a intervenção na Sé de Braga para instalação da
estrutura de acolhimento aos turistas, que passarão a ter uma entrada dedicada
à visita, separada do acesso comum aos utilizadores do templo para o culto
católico. Esta é a primeira de uma série de obras no templo bracarense, que
inclui o restauro do Retábulo das Almas, da pia baptismal e da pintura mural de
Nª Sª do Loreto e dos azulejos da Capela de S. Gerado.
A obra
em Braga foi a mais recente a ir para o terreno, mas as catedrais de Lamego –
onde está prevista uma intervenção na fachada e a estabilização dos vitrais do
janelão do coro alto, por exemplo –, Porto (restauro da urna de “Quinta-Feira
Santa” e das pinturas murais e no supedâneo em pedra da sacristia gótica),
Viana do Castelo (retábulos das capelas de Nossa Senhora das Dores e Nossa
Senhora dos Artistas) e Miranda do Douro também estão já a ser
intervencionadas.
A
catedral do interior da zona de fronteira é aquela para a qual está prevista a
intervenção mais urgente, na conservação e restauro do cadeiral da capela-mor,
um património em risco de perda.
As
outras duas catedrais incluídas na Rota do Norte são casos particulares. Em
Vila Real, a intervenção física já está terminada, faltando agora concluir o
concurso público para a aquisição de um órgão a instalar na Sé.
Apesar
de não estar incluída na candidatura, por ser uma construção recente (foi
inaugurada em 2001), a Sé de Bragança também vai receber um centro de
informação e ser incluída na Rota para efeitos de divulgação.
A Rota
das Catedrais tinha sido criada há cinco anos, fruto de um protocolo que juntou
o então Ministério da Cultura e a Conferência Episcopal Portuguesa. A
iniciativa não tinha sofrido grandes avanços e o acordo caducou mesmo, no ano
passado, mas o projecto acabou por ser, entretanto, renovado pelo actual secretário
de Estado da Cultura. O programa nacional foi depois remetido para as
Direcções-Regionais para ser operacionalizado.
Quatro
templos no Alentejo
No
Alentejo, a iniciativa Rota das Catedrais contempla um conjunto de intervenções
nas catedrais de Évora, Beja e Portalegre e na Concatedral de Elvas. De acordo
com Ana Paula Amendoeira, directora regional de Cultura do Alentejo, as obras
em causa implicam um investimento de quase seis milhões de euros.
Na
catedral de Beja, um imóvel não classificado mas abrangido po uma zona de
protecção, já foi iniciado o projecto, que está orçado em cerca de 1,4 milhões
de euros. Em Portalegre, já foram investidos 73 mil euros na reabilitação da
cobertura. Segue-se a segunda fase do projecto, com uma previsão de despesa 75
mil euros. A Fundação Robinson, por sua vez, adjudicou por cerca de 45 mil
euros, um levantamento da catedral e dos edifícios contíguos. Foi ainda
efectuada uma intervenção no vitral de um janelão da catedral que custou 5 mil
euros.
Relativamente
à catedral de Évora, classificada monumento nacional, foram realizados pelo
Instituto Português do Património Arquitectónico, entre 2000 e 2006, vários
estudos e intervenções físicas integrados no III Quadro Comunitário de Apoio
que absorveram um montante aproximado de 4,2 milhões de euros. Dificuldades
orçamentais “estarão na origem da interrupção do programa de recuperação da
catedral”, iniciado pelo QCA III observa Paula Amendoeira.
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